O menino que pensava que pensava - Capítulo II - Infância
Olá estranho na minha
mente, podemos conversar sobre as pessoas que conheço ou conheci
(conhecemos?)? Queria ter algo interessante para contar, mas parece que
não terei.
São tantos nomes, tão pessoas, tantos rostos. Consigo ver os rostos das pessoas e ouvir a suas vozes. Conhecidos, amigos, familiares, vizinhos, desconhecidos. Tantas pessoas nesses anos e parece que não conheci ninguém, bom, na verdade não conheço ninguém e ninguém me conhece.
Vou começar a partir do que lembro.
Família - Parentes
Minha infância se ressume em ter passado o dia todo brincando com meus primos, assistindo tv e jogando vídeo game (até os 7 anos de idade).
Cresci com meus parentes, todos morávamos próximos, brincávamos sempre. Todos os dias estávamos andando de bicicleta, soltando pipa, jogando bola, ou apenas reunidos conversando.
Acordava todos os dias cedo para assistir tv, tinha um roteiro a seguir, passava por praticamente todos os canais disponíveis, com a melhor programação (no dia que acordava mais tarde e perdia algum desenho, era como se o dia não tivesse sido completo), lembro de assistir: Super Patos, As Múmias, Os Gárgulas, Os Cavaleiros dos Zodíacos, Caverna do Dragão, O Pimentinha, Riquinho Rico, Cavalo de Fogo, Ursinhos Carinhosos, Dudley, Barnei, Teletubies, Thundercats, Motoqueiros de Marte, Street Fighter, Zé Coméia, Pica Pau, Capitão Caverna, Família Buscapé, Família Camundongo, Formiga Atômica, Papa-léguas, Manda Chuva, Castelo Ratimbum, Ursinhos Gummy, Aladin, Tutubarão, Super Gêmeos, Corrida Maluca, Pernalonga, Touch turtle and Tum Tum, Tom and Jerry, Tartarugas Mutantes Ninjas… E alguns seriados como: “O Quinteto” e “Anos Incríveis” - Melhores seriados que já assisti. Cerca de 10 horas por dia assistindo tv. Lembro do programa do Hugo (que parecia o carinha do zelda) e de x-tudo.
Jogos: Sonic, Mário, Donkey Kong, Contra, Alien vs Predador, Mortal Combat, Street Fighter, killer instinct, Knights of the Round, Lost Vikings, Pacman, Tom e Jerry, Tartarugas Mutantes ninjas, Aladin, Battletoads, Zelda, Motoqueiros de Merte, Tekken… (E todos os jogos do Snes).
Aos 7 Anos, se não me engano, comecei a estudar. No primeiro dia de aula eu chorei, e voltei para casa. Queria continuar com aquela vida de acordar relativamente tarde e assistir desenhos a manhã toda, brincar e jogar vídeo game de tarde e noite.
Acabei me acostumando com o fato de ter que ir para a escola, se não fosse a distancia que percorria, e a escada de mais de 100 degraus que subia e descia todos os dias, no começo não conversava com ninguém, sentava no fundo da sala e ficava na quieto, com o passar do tempo, fui criando mais intimidade e fazendo amizades.
Lembro que em um dos primeiros recreios (a infância é minha, chamo do jeito que quiser) que fiz, e fui pular corda, um menino me derrubou, fazendo uma brincadeira, e todo mundo ficou rindo de mim. Dai ele estendeu a mão para me levantar, eu segurei a mão dele, e passei a perna nele, para ele cair. Deixei ele lá no chão. Gostava de ficar naquelas estruturas de ferro, ia no topo e ficava de cabeça para baixo (sempre gostei de ficar de cabeça para baixo). Passei as primeiras semanas, ou meses só lá, sozinho, nunca fui muito sociável. Depois me chamaram para brincar no gira-gira, nunca achei muita graça quando era pequeno, mas gostava de girar as pessoas nele e ver elas tontas.
Não me lembro de nada das aulas, a não ser de uma vez que fiz o desenho de uma folha, e outra vez que fiz um desenho de ligar os pontos. Mas me lembro que duas carteiras na frente, se sentava uma garota. A menina mais linda da sala, ela tinha o cabelo curtinho, até um pouco abaixo da nuca, mas sem chegar ao ombro, cabelo castanho escuro e olhos pretos (negros), eu nunca fui de ficar olhando muito para garotas, ainda mais naquela época que só queria saber de brincar, mas alguma coisa não me deixava tirar os olhos dela, e ela ficava olhando para trás, pra mim, lembro que uma vez a professora brigou com ela, porque ela não parava de olhar para trás. Demorou para eu ficar com ela nos recreios, porque ela sempre estava com as amigas dela e eu com os meus amigos, mas depois de um tempo começamos a ficar no gira-gira juntos (dai eu comecei a gosta desse brinquedo). Todos os dias eu acordava ansioso para vê-la e ficar ao lado dela. Ela se chama Beatriz Oliveira (Não me esqueci o nome dela nem por um dia na minha vida e nunca me esquecerei).
Eu gostava dela e ela de mim, apesar de nem sabermos ao certo o que aquele sentimento significava (e depois de tantos anos eu ainda não sei o que significa, nem em relação a ela e nem em relação a ninguém). Não sabíamos escrever, então ela pediu para irmã dela que escrevesse uma carta para mim, estávamos em setembro, quando recebi essa carta, se não me engano, ainda no final de setembro, ela pediu para a irmã dela perguntar se poderíamos ser namorados. O problema é que eu ainda não sabia ler direito, e fiquei com vergonha de pedir para meus pais, demorei alguns dias para pedir para minha irmã mais velha ler para mim, porque eu não queria contar para ela nada, e nem queria que ela soubesse, mas a ansiedade foi tanta que não pude evitar. Para nossos pais não verem, fomos para a casa da minha tia, que era no mesmo terreno, ela não estava em casa. Sentamos na poltrona cinza que dava de frente para a porta, e ela começou a ler, quando ela chamou minha outra irmã e foi ler de novo, minha tia chegou em casa, e escondemos a carta no meio da poltrona (nunca mais eu vi aquela carta >.<). Pedi para minha irmã escrever uma carta para mim, porque minha letra era feia pra caralho (não melhorou muita coisa com o passar do tempo, até que minha mãe me obrigou a fazer caligrafia, todos os dias -.-‘), ela ficou enrolando para escrever a minha resposta, quando escreveu, fiquei com medo de dizer para a Beatriz que havia perdido a carta dela, mas mesmo, estava decido a mostrar com a minha resposta para ela.
Na semana seguinte o pai dela não deixou ela ir para escola, acho que era porque ela estava doente. Deveria ser uma quarta feira, quando eu faltei da escola, o meu amigo (aquele que havia me derrubado no intervalo, viramos bons amigos depois disso) me falou que ela ia se mudar de escola, em dois dias. Fiquei sabendo na quinta feira, que foi no dia que ela não foi, porque ela se mudaria de casa também e precisava arrumar as coisas. Nos vimos na sexta feira, ela foi apenas para se despedir, ela não ficou na aula, eu entreguei a carta para ela, mas não nos vimos depois disso.
Eu fiquei muito chateado naquela época, e o aniversário do meu pai era no sábado ou no domingo, mas eu estava tão chateado e triste com tantas coisas, que acabei ficando no meu quarto, quieto, mal falei com ele, nem me lembro se desejei feliz aniversário para ele, fiz as coisas meio que forçado, emburrado e fui dormir cedo, para que o tempo passasse mais rápido. Mesmo assim tinha esperança de que a veria algum dia, talvez fizéssemos alguma série juntos, mas ela foi para uma escola e eu fui para outra.
Fiquei dois meses na primeira série de uma escola lá, cheguei na escola, as aulas haviam começado fazia uma ou duas semanas (eu não fui porque ainda estava em clima de férias e nem tinha a data do inícios das aulas), a escola era ainda mais longe. Quando cheguei lá, todos os alunos estavam adiantados e eles estavam aprendendo umas coisas que eu nunca havia visto na vida. Na primeira aula de educação física, a professora queria que nos socializássemos, e eu nunca fui disso, depois ainda colocou uma música, mas eu não sei dançar nem nada, então fiquei de canto isolado.
Não tinha nenhum amigo nessa escola, a não ser um que fiz depois de um tempo, ele era baiano ou cearense. A parte legal da escola é que eles davam toddynho no intervalo, só isso, porque de resto eu não gostava, a escola era muito rígida e todos os alunos eram meio alienados e eu não gostava do lugar. Uma vez escorei em duas carteiras e comecei a me balançar, recebi advertência por isso, só não tomei suspensão porque eu era aluno novo. Detalhe, eu fiz isso e a professora nem viu, as meninas que foram dedurar para ela. Tinha um canteiro de rosas do lado direito, próximo da janela, e os alunos não podiam ir para lá, essas meninas foram, no intervalo. Eu contei para a professora, e a professora me deu um sermão de que não podemos dedurar os outros, e que não deveria ser vingativo e não fizeram nada com elas -.-‘
Passei as primeiras semanas conversando apenas com esse cearense, que estava tão perdido quanto eu, por fim depois de um mês ou dois, acabei fazendo amizade com as outras crianças. Quando isso aconteceu, meu pai falou que nos mudaríamos de cidade, por causa do trabalho dele. Recebi doze cartas das pessoas que estudavam comigo, e guardei elas em uma caixa branca (na mudança a caixa sumiu).
Minha esperança de me reencontrar com a menina foi destruída, mas em algum lugar, eu ainda acredito que possa me reencontrar com ela.
São tantos nomes, tão pessoas, tantos rostos. Consigo ver os rostos das pessoas e ouvir a suas vozes. Conhecidos, amigos, familiares, vizinhos, desconhecidos. Tantas pessoas nesses anos e parece que não conheci ninguém, bom, na verdade não conheço ninguém e ninguém me conhece.
Vou começar a partir do que lembro.
Família - Parentes
Minha infância se ressume em ter passado o dia todo brincando com meus primos, assistindo tv e jogando vídeo game (até os 7 anos de idade).
Cresci com meus parentes, todos morávamos próximos, brincávamos sempre. Todos os dias estávamos andando de bicicleta, soltando pipa, jogando bola, ou apenas reunidos conversando.
Acordava todos os dias cedo para assistir tv, tinha um roteiro a seguir, passava por praticamente todos os canais disponíveis, com a melhor programação (no dia que acordava mais tarde e perdia algum desenho, era como se o dia não tivesse sido completo), lembro de assistir: Super Patos, As Múmias, Os Gárgulas, Os Cavaleiros dos Zodíacos, Caverna do Dragão, O Pimentinha, Riquinho Rico, Cavalo de Fogo, Ursinhos Carinhosos, Dudley, Barnei, Teletubies, Thundercats, Motoqueiros de Marte, Street Fighter, Zé Coméia, Pica Pau, Capitão Caverna, Família Buscapé, Família Camundongo, Formiga Atômica, Papa-léguas, Manda Chuva, Castelo Ratimbum, Ursinhos Gummy, Aladin, Tutubarão, Super Gêmeos, Corrida Maluca, Pernalonga, Touch turtle and Tum Tum, Tom and Jerry, Tartarugas Mutantes Ninjas… E alguns seriados como: “O Quinteto” e “Anos Incríveis” - Melhores seriados que já assisti. Cerca de 10 horas por dia assistindo tv. Lembro do programa do Hugo (que parecia o carinha do zelda) e de x-tudo.
Jogos: Sonic, Mário, Donkey Kong, Contra, Alien vs Predador, Mortal Combat, Street Fighter, killer instinct, Knights of the Round, Lost Vikings, Pacman, Tom e Jerry, Tartarugas Mutantes ninjas, Aladin, Battletoads, Zelda, Motoqueiros de Merte, Tekken… (E todos os jogos do Snes).
Aos 7 Anos, se não me engano, comecei a estudar. No primeiro dia de aula eu chorei, e voltei para casa. Queria continuar com aquela vida de acordar relativamente tarde e assistir desenhos a manhã toda, brincar e jogar vídeo game de tarde e noite.
Acabei me acostumando com o fato de ter que ir para a escola, se não fosse a distancia que percorria, e a escada de mais de 100 degraus que subia e descia todos os dias, no começo não conversava com ninguém, sentava no fundo da sala e ficava na quieto, com o passar do tempo, fui criando mais intimidade e fazendo amizades.
Lembro que em um dos primeiros recreios (a infância é minha, chamo do jeito que quiser) que fiz, e fui pular corda, um menino me derrubou, fazendo uma brincadeira, e todo mundo ficou rindo de mim. Dai ele estendeu a mão para me levantar, eu segurei a mão dele, e passei a perna nele, para ele cair. Deixei ele lá no chão. Gostava de ficar naquelas estruturas de ferro, ia no topo e ficava de cabeça para baixo (sempre gostei de ficar de cabeça para baixo). Passei as primeiras semanas, ou meses só lá, sozinho, nunca fui muito sociável. Depois me chamaram para brincar no gira-gira, nunca achei muita graça quando era pequeno, mas gostava de girar as pessoas nele e ver elas tontas.
Não me lembro de nada das aulas, a não ser de uma vez que fiz o desenho de uma folha, e outra vez que fiz um desenho de ligar os pontos. Mas me lembro que duas carteiras na frente, se sentava uma garota. A menina mais linda da sala, ela tinha o cabelo curtinho, até um pouco abaixo da nuca, mas sem chegar ao ombro, cabelo castanho escuro e olhos pretos (negros), eu nunca fui de ficar olhando muito para garotas, ainda mais naquela época que só queria saber de brincar, mas alguma coisa não me deixava tirar os olhos dela, e ela ficava olhando para trás, pra mim, lembro que uma vez a professora brigou com ela, porque ela não parava de olhar para trás. Demorou para eu ficar com ela nos recreios, porque ela sempre estava com as amigas dela e eu com os meus amigos, mas depois de um tempo começamos a ficar no gira-gira juntos (dai eu comecei a gosta desse brinquedo). Todos os dias eu acordava ansioso para vê-la e ficar ao lado dela. Ela se chama Beatriz Oliveira (Não me esqueci o nome dela nem por um dia na minha vida e nunca me esquecerei).
Eu gostava dela e ela de mim, apesar de nem sabermos ao certo o que aquele sentimento significava (e depois de tantos anos eu ainda não sei o que significa, nem em relação a ela e nem em relação a ninguém). Não sabíamos escrever, então ela pediu para irmã dela que escrevesse uma carta para mim, estávamos em setembro, quando recebi essa carta, se não me engano, ainda no final de setembro, ela pediu para a irmã dela perguntar se poderíamos ser namorados. O problema é que eu ainda não sabia ler direito, e fiquei com vergonha de pedir para meus pais, demorei alguns dias para pedir para minha irmã mais velha ler para mim, porque eu não queria contar para ela nada, e nem queria que ela soubesse, mas a ansiedade foi tanta que não pude evitar. Para nossos pais não verem, fomos para a casa da minha tia, que era no mesmo terreno, ela não estava em casa. Sentamos na poltrona cinza que dava de frente para a porta, e ela começou a ler, quando ela chamou minha outra irmã e foi ler de novo, minha tia chegou em casa, e escondemos a carta no meio da poltrona (nunca mais eu vi aquela carta >.<). Pedi para minha irmã escrever uma carta para mim, porque minha letra era feia pra caralho (não melhorou muita coisa com o passar do tempo, até que minha mãe me obrigou a fazer caligrafia, todos os dias -.-‘), ela ficou enrolando para escrever a minha resposta, quando escreveu, fiquei com medo de dizer para a Beatriz que havia perdido a carta dela, mas mesmo, estava decido a mostrar com a minha resposta para ela.
Na semana seguinte o pai dela não deixou ela ir para escola, acho que era porque ela estava doente. Deveria ser uma quarta feira, quando eu faltei da escola, o meu amigo (aquele que havia me derrubado no intervalo, viramos bons amigos depois disso) me falou que ela ia se mudar de escola, em dois dias. Fiquei sabendo na quinta feira, que foi no dia que ela não foi, porque ela se mudaria de casa também e precisava arrumar as coisas. Nos vimos na sexta feira, ela foi apenas para se despedir, ela não ficou na aula, eu entreguei a carta para ela, mas não nos vimos depois disso.
Eu fiquei muito chateado naquela época, e o aniversário do meu pai era no sábado ou no domingo, mas eu estava tão chateado e triste com tantas coisas, que acabei ficando no meu quarto, quieto, mal falei com ele, nem me lembro se desejei feliz aniversário para ele, fiz as coisas meio que forçado, emburrado e fui dormir cedo, para que o tempo passasse mais rápido. Mesmo assim tinha esperança de que a veria algum dia, talvez fizéssemos alguma série juntos, mas ela foi para uma escola e eu fui para outra.
Fiquei dois meses na primeira série de uma escola lá, cheguei na escola, as aulas haviam começado fazia uma ou duas semanas (eu não fui porque ainda estava em clima de férias e nem tinha a data do inícios das aulas), a escola era ainda mais longe. Quando cheguei lá, todos os alunos estavam adiantados e eles estavam aprendendo umas coisas que eu nunca havia visto na vida. Na primeira aula de educação física, a professora queria que nos socializássemos, e eu nunca fui disso, depois ainda colocou uma música, mas eu não sei dançar nem nada, então fiquei de canto isolado.
Não tinha nenhum amigo nessa escola, a não ser um que fiz depois de um tempo, ele era baiano ou cearense. A parte legal da escola é que eles davam toddynho no intervalo, só isso, porque de resto eu não gostava, a escola era muito rígida e todos os alunos eram meio alienados e eu não gostava do lugar. Uma vez escorei em duas carteiras e comecei a me balançar, recebi advertência por isso, só não tomei suspensão porque eu era aluno novo. Detalhe, eu fiz isso e a professora nem viu, as meninas que foram dedurar para ela. Tinha um canteiro de rosas do lado direito, próximo da janela, e os alunos não podiam ir para lá, essas meninas foram, no intervalo. Eu contei para a professora, e a professora me deu um sermão de que não podemos dedurar os outros, e que não deveria ser vingativo e não fizeram nada com elas -.-‘
Passei as primeiras semanas conversando apenas com esse cearense, que estava tão perdido quanto eu, por fim depois de um mês ou dois, acabei fazendo amizade com as outras crianças. Quando isso aconteceu, meu pai falou que nos mudaríamos de cidade, por causa do trabalho dele. Recebi doze cartas das pessoas que estudavam comigo, e guardei elas em uma caixa branca (na mudança a caixa sumiu).
Minha esperança de me reencontrar com a menina foi destruída, mas em algum lugar, eu ainda acredito que possa me reencontrar com ela.
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